São Bernardo do Campo

No texto, Admilson relata estar emocionalmente abalado

"Estou tomando tarja preta", escreveu o suspeito, que relatava sofrimento emocional e pedia ajuda espiritual

A Polícia Civil investiga um possível caso de envenenamento premeditado que teria como autor o próprio padrasto da vítima. Admilson Ferreira dos Santos, de 52 anos, é acusado de tentar matar Lucas da Silva Santos, de 19, com quem mantinha uma relação familiar e, segundo testemunhas, possivelmente abusiva.Dias antes de o jovem ser internado em estado grave, Admilson enviou uma longa mensagem de desabafo a um pastor da igreja que frequentava. O conteúdo foi obtido pela polícia e inclui frases alarmantes, como: “Pensei até em matar ele, mas Deus não deixou”.No texto, Admilson relata estar emocionalmente abalado. Disse que entrou em depressão por causa de Lucas, que toma remédios controlados e que “só Deus” poderia ajudá-lo. A mensagem, repleta de erros gramaticais e frases desconexas, também revela sinais de confusão mental e instabilidade emocional.“Estou tomando tarja preta, ele disse que não gosta mais de mim”, escreveu o suspeito, que ainda reclamou da “rebeldia” de Lucas e mencionou ciúmes, um suposto namoro frustrado e conflitos com a própria fé.Inicialmente, a principal suspeita era Cláudia Pereira dos Santos Daliessi, irmã de Admilson, que havia preparado bolinhos de mandioca servidos à família no último dia 11, no bairro Alvarenga. Mas a investigação mudou de rumo.Depoimentos e diligências da delegada 8º Distrito Policial, responsável pelo caso, apontaram que foi Admilson quem pediu os bolinhos à irmã e ele mesmo os entregou individualmente aos familiares. Lucas foi o único que passou mal após a refeição, o que levantou forte suspeita de envenenamento direcionado.Segundo fontes ligadas ao caso, há indícios de que Admilson mantinha um relacionamento abusivo e possivelmente íntimo com o enteado. Relatos indicam que ele demonstrava sinais de ciúmes após Lucas manifestar o desejo de sair de casa. Essa pode ter sido a motivação para o crime.A delegada responsável pela apuração solicitou a prisão preventiva de Admilson nesta terça-feira (15). O conteúdo da mensagem enviada ao pastor, agora incluído nos autos, será peça-chave no inquérito.“Não estou bem da cabeça, com problema no coração… Pensei até em matar ele”, diz a mensagem que pode comprovar a premeditação.