Estado

Ribeirão Pires

 A exoneração foi publicada nesta quinta-feira (21) no Diário Oficial

Carta de próprio punho já indicava preocupação do servidor em não ser descoberto

Apontado pelo Ministério Público como o cérebro de um esquema que teria desviado bilhões em créditos de ICMS, o auditor fiscal e morador de Ribeirão Pires Arthur Gomes da Silva Neto está oficialmente fora dos quadros da Secretaria da Fazenda de São Paulo. A exoneração foi publicada nesta quinta-feira (21) no Diário Oficial, colocando fim à carreira do servidor que recebia R$ 35,4 mil mensais, segundo dados do Portal da Transparência.A situação do auditor se agravou após a Justiça converter sua prisão em preventiva, o que significa que ele permanecerá detido por tempo indeterminado. O Ministério Público revelou que uma carta escrita de próprio punho e apreendida em sua residência foi decisiva para reforçar os indícios contra ele.Arthur é apontado como articulador de fraudes bilionárias envolvendo grandes redes empresariais, como a Ultrafarma e a Fast Shop. Segundo a investigação, ele seria responsável por coordenar a concessão ilegal de créditos fiscais dentro da própria Secretaria da Fazenda.No decisão que autorizou a prisão, o juiz Paulo Fernando de Melo ressaltou que a carta escrita por Silva Neto evidencia sua participação ativa no esquema de cobrança de propina para liberar créditos de ICMS. O documento mostra, segundo o magistrado, que o auditor tinha preocupação em não ser descoberto, ao se certificar de que ninguém teria acesso aos registros. Entre as empresas citadas como beneficiadas pelo esquema estão a Ultrafarma e a Fast Shop.A carta encontrada na casa do audito revelou a preocupação dele com a rotina da Secretaria da Fazenda. Em um dos trechos, o servidor escreveu que era “perigoso” assinar autorizações de novas liberações de impostos, sem indicar quem seria o destinatário da mensagem. O conteúdo do documento reforçou as suspeitas do Ministério Público, que já vinha apontando Silva Neto como articulador de um amplo esquema de corrupção.Diante da dimensão das operações descobertas, os promotores decidiram compartilhar as provas com a Polícia Federal. Isso porque os indícios apontam para ramificações que vão além da Fazenda paulista, envolvendo outros estados e empresários do setor privado.Entre os elementos reunidos na investigação está a criação da empresa Smart Tax, registrada em nome da mãe do auditor, mas controlada por ele. A consultoria tributária oferecia desde restituições de imposto de renda até serviços de planejamento fiscal, movimentando cerca de R$ 90 milhões em honorários. O negócio era conduzido em sociedade com o empresário sul-mato-grossense Celso Eder, que também acabou preso por corrupção e lavagem de dinheiro.