Ribeirão Pires

Imóveis foram embargados ou demolidos, e os donos autuados

Moradores denunciam contradição entre ações ambientais e práticas da própria gestão

Enquanto a Prefeitura de Ribeirão Pires intensifica ações contra construções irregulares e ocupações em áreas de proteção ambiental, moradores da cidade têm levantado críticas à própria atuação do poder público municipal, acusando a gestão de contribuir para a degradação ambiental que afirma combater.Na última semana, uma operação do Grupo de Fiscalização Integrada (GFI), com apoio do Governo do Estado de São Paulo, da Polícia Ambiental e de cidades vizinhas como Mauá, Santo André e São Bernardo do Campo, promoveu fiscalizações para frear o avanço de construções ilegais em áreas sensíveis do município. Segundo a administração, diversos imóveis foram embargados ou demolidos, e os responsáveis autuados.No entanto, nas redes sociais e grupos de moradores, o clima é de revolta. Muitos cidadãos apontam uma contradição entre o discurso da Prefeitura e suas próprias práticas urbanas. Em comentários que circulam nas plataformas digitais, populares acusam a gestão de remover árvores e palmeiras para executar obras consideradas por eles "sem sentido".“Prefeitura pode começar pela Prefeitura mesmo! Arranca árvores pra fazer obras inúteis, arranca palmeiras para fazer obras sem sentido. Já poderia começar por lá”, comentou um morador, em tom indignado.Outro internauta fez uma denúncia direta nas redes: “Vou fazer a denúncia por aqui mesmo, pois todos os dias vejo funcionários da Prefeitura com máquinas desmatando Ribeirão Pires. Essas máquinas e esses funcionários são da própria administração. Então a denúncia está feita. Agora faz o prefeito replantar as árvores e palmeiras que ele mandou arrancar, para depois vocês correrem atrás do trabalhador.”As declarações refletem uma falta de confiança na coerência das políticas públicas ambientais adotadas pelo Executivo. Moradores alegam que, enquanto pequenos proprietários ou cidadãos comuns são multados, o próprio poder público seria responsável por intervenções que causam impacto ambiental.Em nota anterior, o secretário de Clima, Meio Ambiente e Habitação, Temístocles Cristofaro, havia destacado que o foco das operações é preventivo e corretivo, e que as ações "fortalecem a preservação ambiental e dão resposta imediata à ocupação desordenada do solo".Apesar disso, a Prefeitura ainda não se manifestou publicamente sobre as críticas relativas às obras executadas com a supressão de árvores ou sobre as denúncias envolvendo servidores públicos e máquinas em áreas de vegetação.