Ribeirão Pires

Candidato a prefeitura Gabriel Roncon terá Amigão D’Orto (PP) como vice na chapa

Prefeiturável ainda colocou a alça do Rodoanel como fundamental ao desenvolvimento e criticou a gestão da Saúde no município

Em Ribeirão Pires, Gabriel Roncon (PP) encerra o cronograma de entrevista realizadas pela Folha com os postulantes ao cargo no Executivo Municipal. O candidato, que terá Amigão D’Orto (PP) como vice na chapa, é apontado como o principal opositor à gestão de Guto Volpi (PL) – a qual classificou como “sem prioridades”. Vale ressaltar que a Folha convidou o atual prefeito e candidato à reeleição para participar da sabatina, mas não houve resposta. Gabriel ainda falou sobre como pretende administrar a cidade e fazer valer os compromissos firmados, entre eles o fim da Taxa do Lixo, mesmo diante do comprometimento do orçamento municipal. Confira a entrevista: Folha - Gabriel, você foi um dos nomes que disputaram a eleição suplementar de 2022. E para este pleito, une-se a Amigão D’Orto que foi um dos seus adversários naquela ocasião. O que motivou esta aliança para 2024? Gabriel Roncon – “A gente sempre teve uma relação muito boa, sempre houve uma relação de respeito entre nós, mesmo estando em lados opostos. Quando acabou a eleição, nós entendemos que os nossos planos de governo eram muito parecidos... fim da Taxa do Lixo, a volta da circulação dos ônibus. E, através disso, a gente decidiu sentar e conversar por amor a Ribeirão, priorizando os bairros, lutando pelo fim da Taxa de Lixo e acreditando que o grupo de oposição, que não concorda com a atual administração, tinha que ficar junto. Esse grupo de oposição pertence a pessoas também como Anderson Grecco que não acreditam no atual governo. A gente, junto, juntos montar um time forte, consolidado com 86 candidatos a vereador para, unidos, mudar a situação da cidade. Sem vaidade, sem arrogância, prepotência, mas com humildade, com união. E nós representando, eu e o Amigão, representando esse time de pessoas que não concordam com a atual administração.” Folha - Durante este período, você fez oposição às gestões da família Volpi. Apesar das duras críticas, você considera que a cidade obteve algum avanço durante o mandato vigente? Gabriel Roncon – “Eu vejo a cidade da seguinte forma: existem falta de prioridades. É muito triste quando a gente vê gastos excessivos em estátuas, como R$ 2,2 milhões no castelo de plástico, como R$ 2 milhões numa base de uma estátua de dragão, R$ 700 mil em de estátua de cavalo, R$ 6 milhões em uma rodoviária, R$ 1,5 milhão numa reforma de gabinete. Isso é uma falta de prioridade gritante. Eu acredito que o progresso aconteceria se esse dinheiro fosse investido em Saúde, Educação, Segurança e Desenvolvimento. Eu acredito que esse dinheiro deveria ser investido nessas coisas, mudar a vida das pessoas. É uma UPA funcionar adequadamente com ortopedista todo dia. Com UBS abrindo até mais tarde, é o que a gente pretende fazer. Com o São Lucas tendo parto humanizado, onde a mulher escolhe junto com a equipe médica qual parto é melhor para o nascimento da criança. E esse dia tem sido o pior porque eles estão obrigando o parto normal. Discordo completamente dessa administração, a falta de prioridades que eles têm. Óbvio que as obras que estão fazendo, mesmo as eleitoreiras, porque tem muito asfalto que está saindo agora de péssima qualidade, só para mostrar algo, essas obras eleitoreiras, óbvio que a gente vai dar continuidade, porque tudo o que a gente quer é o melhor de Ribeirão. Esse hospital fake que fizeram, um hospital mentiroso, e hoje a gente não tem mais nem São Lucas, nem hospital novo. Ontem (25 de setembro), muita gente que estava na UPA foi transferido para o Nardini ou para o Mário Covas. Por quê? Se inaugurou o novo hospital? Esse hospital não está em funcionamento. Tudo isso que está acontecendo, mesmo essas obras eleitoreiras, a gente vai dar solução e viabilidade de fato, para que a gente mude a vida das pessoas de Ribeirão. Estátua não muda nada em nossa vida, mas Saúde, Educação, Segurança, isso muda e dá qualidade de vida para as pessoas.” Folha - Falando ainda sobre sua atuação na oposição, você foi um dos primeiros a se colocar contra a Taxa do Lixo no município. Agora como candidato, colocou a revogação do tributo como uma das primeiras ações como prefeito, caso eleito. Como você pretende acabar com a Taxa do Lixo sem gerar ainda mais ônus ao município e sem ir contra ao que prevê o Novo Marco Legal do Saneamento Básico? Gabriel Roncon – “O caminho é fazer igual outras cidades que estão fazendo, como Mogi, Guarulhos, São Caetano, Diadema, Itu, São Paulo capital, que é criar soluções e alternativas para que a gente não onere as pessoas através de taxas para resolver o problema da coleta de lixo. A gente tem a Cooperpires aqui que é algo que precisa ser fomentado da melhor forma possível. A gente tem soluções aqui através dos nossos impostos que já é o suficiente para pagar o lixo, como sempre foi, a coleta e o aterro. Eu não acredito na criação de taxa, e no primeiro dia de posse, a gente vai chamar uma sessão extraordinária na Câmera e revogar, urgentemente, essa Taxa do Lixo. Em janeiro, as pessoas não vão ter mais a Taxa do Lixo na conta d'água. Em janeiro, os comércios não vão ter mais a Taxa do Lixo na conta d'água, nem as empresas. Tem comércio que paga de R$ 200 e a R$ 400 de Taxa do Lixo, tem família que paga R$ 80, além de ser um prejuízo pra família, uma alta de geração de economia e desenvolvimento para essa família, deixa o dinheiro de circular na cidade. Comércio fechando por conta disso, principalmente lava-rápido porque onera muito a conta d’água. É uma economia anual de R$ 1 mil, R$ 2 mil, que a gente precisa promover para as pessoas até para o dinheiro circular na cidade. Isso é possível, isso é viável, é copiar o que as três mil cidades do Brasil fizeram contra a Taxa do Lixo.” Folha - Outra bandeira que você defendeu enquanto oposição foi a melhoria do transporte público municipal. Além de melhorar a qualidade dos ônibus e otimizar as rotas, seu plano de governo também coloca como proposta a expansão da Tarifa Zero aos sábados, domingos e feriados. É possível expandir essa gratuidade mesmo diante do comprometimento do orçamento municipal? Gabriel Roncon – “A gente já tem um subsídio a essa empresa de R$ 120 mil por mês por conta da Tarifa Zero de domingo. Existe uma Tarifa Zero de domingo que, na verdade, não tem porque não tem ônibus. Ou seja, do que adianta ter Tarifa Zero se os ônibus são de duas em duas horas? Não tem circulação do ônibus e, na verdade, esse dinheiro é do nossos impostos que a prefeitura subsidia a empresa. O que a gente vai fazer é essa empresa cumprir o contrato, não só na Tarifa Zero que tem que ser vigente e exigente na questão de ter ônibus rodando, mas também no dia a dia da empresa. Hoje, a gente não tem ônibus circulando como era antes da pandemia. A gente tinha a frota aumentada, a gente tinha o corujão, que é o último ônibus que buscava as mulheres e as pessoas que acabavam os seus trabalhos, chegavam depois da meia-noite em Ribeirão. Hoje, a pessoa que chega depois da meia-noite tem que chamar o Uber ou táxi e, às vezes, o Uber nem aceita por conta da localização. Existe um grande problema de transporte público na cidade que precisa ser resolvido e é fácil resolver. É cobrar a empresa efetivamente. Eu não vou ter rabo preso com empresa de ônibus. Pelo contrário, eu vou ter a exigência necessária, o tempo necessário e a posição necessária para fazê-la, de verdade, atuar em prol da nossa cidade.” Folha - Recentemente, a Saúde Pública de Ribeirão Pires foi colocada entre as piores do Brasil segundo o Ranking de Eficiência dos Municípios (REM-F) divulgado pela Folha de São Paulo. Você já esteve dentro da Prefeitura Municipal, como vice-prefeito, e mesmo não atuando efetivamente nas tomadas de decisões, acompanhou as movimentações de como esses setores essenciais devem ser geridos. Para você, com base nessa experiência, o que pode ter levado Ribeirão Pires ao caos na área da Saúde? Gabriel Roncon – “A falta de prioridades. É muito triste, a gente ver gastar tanto dinheiro em estátua, tanto dinheiro em vaidade como reforma de gabinete, tanto dinheiro em pintura como R$ 6 milhões na Rodoviária, junto com aquela iluminação verde, mais de R$ 200 mil por festa na cidade, na estrutura do palco e som. Isso é triste porque a Saúde vai ficando pra trás, o que menos pode ficar para trás. Nós perdemos duas crianças do São Lucas no mês passado por conta da obrigatoriedade de parto normal. As mulheres fazendo um processo de parto por 28 horas, 17 horas, e as mulheres tendo que sofrer, angustiando o processo de parto. Eles economizam em instrumentos cirúrgicos, anestesistas, para não ter a cesárea no São Lucas. Isso é uma economia burra porque eles tão economizando em algo que não tem que economizar, por isso que a saúde está esse caos. Na UPA não tem ortopedista todo dia. A pessoa aqui em Ribeirão tem que escolher um dia da semana para se machucar e recorrer a UPA. A ambulância, tem casos que demoraram mais de três horas para chegar e socorrer. A saúde está um caos por conta dessa falta de prioridade, dessa falta de atenção básica. A gente pretende colocar as UBSs abertas até mais tarde, fazer com que as pessoas sejam atendidas nos bairros e desafogar a UPA. Prioritariamente, ortopedista, pediatra, ginecologista e clínico todos os dias na UPA. Dar uma solução para esse hospital estadualizando-o ou fazendo uma parceria público privada.” Folha - Candidato, você também colocou a alça do rodoanel como uma das questões a serem trabalhadas logo no primeiro ano de governo. O que você tem em mente no momento e, principalmente, onde essa alça será construída? Gabriel Roncon – “Existem alguns possíveis locais, a gente vai estudar obviamente com o governador. Existe uma fala nossa com o governador já pra garantir a alça do Rodoanel para Ribeirão, ele já sabe disso e tem vontade. Para nós, ela é viável e acreditamos nela. Diferente do Volpi quando foi prefeito e recusou a alça, alegando que traria uma rota de fuga para Ribeirão. Ao contrário, toda cidade que teve a alça do Rodoanel progrediu. A gente acredita no desenvolvimento de Ribeirão, na vinda das empresas, no turismo, na geração de empregos e até na segurança. Se ela for construída na Sapopemba, uma alça pedagiada consegue trazer dinheiro para cidade também, e a gente consegue amenizar lá na Quarta Divisão a insegurança que aquela estrada gera. A gente acredita que a alça do Rodoanel é uma solução viável e efetiva para o desenvolvimento de Ribeirão.”