São Bernardo do Campo

Projeto de combate a mudanças climáticas não tem importância para Marcelo Lima

Ainda durante a campanha eleitoral, no ano passado, o então candidato a prefeito de São Bernardo Marcelo Lima (Podemos) garantiu que, caso vencesse, estaria atento a uma questão que vem atingindo a todos os municípios, que é o foco na prevenção de desastres naturais e na mitigação das mudanças climáticas. Pois bem. Ele venceu e, no início, seguiu com esse discurso. Em fevereiro, por exemplo, a cidade foi duramente castigada pelas chuvas. Na ocasião, ele falou que iria debater o assunto com mais atenção. Só que aí veio a oportunidade de enviar para a Câmara a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada recentemente, e que define onde serão empregados os recursos públicos no próximo ano. E, com uma previsão orçamentária de R$ 7,04 bilhões para o próximo ano, Marcelo Lima provou, com o documento produzido pela própria Prefeitura, que ele não está nem aí para esse assunto. Na prática, ele esqueceu tudo que falou na campanha e em seus primeiros meses de governo. Ou seja, a depender do governo, a população de São Bernardo está em risco.Dinheiro de cafezinhoA melhor forma de comprovar esse descaso da gestão de Marcelo Lima com os riscos ambientais e as possíveis consequências para os moradores, principalmente de áreas de risco, e em bairros com mais risco de alagamento, é buscar na LDO o quanto foi destinado para essa área. E o número é vergonhoso: a Prefeitura de São Bernardo destinou R$ 100 mil anuais para a rubrica “prevenção e gerenciamento de desastres”, que tem como objetivo, segundo o próprio documento, “apoiar a população vítima de desastres naturais ou provocados em decorrência da ocupação desordenada do território e das mudanças climáticas”. Dividindo o valor pelos 365 dias do ano, significa dizer que a administração de Marcelo Lima vai investir módicos R$ 274 por dia no assunto. E o mais irônico é o que programa está diretamente ligado ao gabinete do prefeito. Já para inaugurações...Por outro lado, outras iniciativas, que nem de longe teriam essa importância, receberam mais dinheiro do que a Prefeitura pretende gastar para proteger a população. Um exemplo mais gritante está no próprio orçamento do espaço onde trabalha Marcelo Lima. Na rubrica “gestão do gabinete do prefeito”, consta a destinação de recursos para “garantir o desenvolvimento de ações do gabinete, como organização e realização de eventos, inaugurações, reuniões, viagens do prefeito”. Na explicação, a Prefeitura diz que isso “é de fundamental importância para a administração”. Sabe quanto foi destinado? R$ 145 mil para o próximo ano. Ou seja, está claro que, para o prefeito, é mais importante garantir a realização de um evento ou de uma inauguração do que pensar no cuidado com aqueles que estão sob risco. Questão de prioridade.