Ribeirão Pires

Ribeirão Pires continua sem uma base própria da SAMU mesmo sendo responsável por 75% dos atendimentos na microrregião

Relatório técnico detalha falhas no atendimento e sobrecarga no munícipio; documento foi enviado a órgãos estaduais e ao Consórcio do ABC

Mesmo sendo responsável por 75% dos atendimentos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) na microrregião que inclui Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires continua sem uma base própria. Entre dezembro de 2024 e maio de 2025, o município registrou 2.148 ocorrências, contra 713 em Rio Grande da Serra — somando 2.861 no total. Ainda assim, a cidade depende da unidade instalada em Mauá.A situação acende um alerta. Testes realizados com uma ambulância particular revelaram que, nos horários de pico, o tempo de resposta entre Mauá e bairros como Jardim Aprazível e Jardim Caçula ultrapassa 1h15 — muito além dos 20 minutos recomendados pelo Ministério da Saúde para o atendimento pré-hospitalar.Diante do cenário, o vereador Sandro Campos (PSB) elaborou um dossiê técnico que reúne dados populacionais, estatísticas de trânsito e a atuação do SAMU na região. O documento foi enviado a órgãos estaduais e ao Consórcio Intermunicipal do ABC. Para reforçar o alerta, o parlamentar contratou uma ambulância privada para simular atendimentos de emergência: no horário de pico, o trajeto entre Mauá e o Centro de Ribeirão Pires durou 50 minutos e, para bairros periféricos, o tempo passou de 1h15.“Salvar vidas exige pressa, estrutura e coragem política. E é por isso que seguimos lutando”, afirmou Sandro Campos.Na última quarta-feira (2), representantes da Prefeitura e da Câmara Municipal estiveram em Brasília para tratar do tema com o Ministério da Saúde. Participaram o secretário municipal de Saúde, Clovis Volpi, e os vereadores Sandro Campos, Edmar Oldani (PSD) e Fernanda Henrique (PT). Durante a reunião, o Ministério solicitou que a Prefeitura construa a base, compromisso assumido de imediato pelo secretário. A articulação política agora busca garantir recursos e o credenciamento da unidade.O desequilíbrio regional é evidente. Ribeirão Pires tem cerca de 125 mil habitantes — quase o triplo da população de Rio Grande da Serra — e um território de quase 100 km², maior até que o de Mauá, que tem base do SAMU, 477 mil habitantes e 61 km² de área. Além disso, o crescimento do tráfego na Rodovia Índio Tibiriçá (SP-031), que passou de 19 mil para 35 mil veículos por dia desde 2012, dificulta ainda mais a circulação das ambulâncias, especialmente nos trechos da via que cortam o município.A projeção é de que Ribeirão Pires ultrapasse quatro mil atendimentos até o fim de 2025. Na microrregião, o número pode chegar a mais de sete mil. A sobrecarga recai quase totalmente sobre Ribeirão — responsável por três a cada quatro chamadas —, enquanto a estrutura continua centralizada em Mauá.