Ribeirão Pires

Lorena tem 24 anos e vem se destacando por atender crianças com deficiência (PCDs)

Com formação em odontopediatria, Lorena oferece um atendimento personalizado para cada criança, respeitando seus limites e particularidades

O número de crianças diagnosticadas com transtorno do espectro autista (TEA) tem crescido significativamente nos últimos anos e, com isso, aumenta também a necessidade de profissionais preparados para oferecer um atendimento mais sensível e adaptado — especialmente quando o assunto é saúde bucal.Em Ribeirão Pires, a dentista Lorena Carneiro, de 24 anos, vem se destacando por atuar justamente nesse nicho. Pós-graduada em odontopediatria, ela atende crianças com deficiência (PCDs) e tem se tornado referência no acolhimento e cuidado com pacientes que precisam de uma abordagem diferenciada no consultório. Em junho, a dentista receberá o selo “Amigo do Autista”, que reconhece espaços comprometidos com o atendimento inclusivo a pessoas com TEA.Seu sonho inicial era ser cirurgiã e, ao contrário de muitas pessoas, ela nunca teve problema em lidar com sangue. No começo da carreira, trabalhava com atendimentos gerais, sem uma especialização definida. No entanto, o interesse por trabalhar com crianças especiais nasceu naturalmente, influenciado pelo ambiente familiar. “Minha mãe e minha irmã sempre trabalharam com educação infantil, especialmente com crianças com necessidades especiais. Minha mãe já atuou, inclusive, na Diretoria de Ensino de Sorocaba, cuidando justamente dessa área. Era comum, nos jantares e momentos em família, conversarmos sobre o tema. Meu pai até brincava que não aguentava mais ouvir falar de criança. Para mim, era algo natural, e comecei a me apaixonar por esse universo. São famílias que precisam desse olhar de carinho e atenção” , conta.Antes de abrir seu próprio consultório, Lorena passou por uma clínica onde havia apenas duas dentistas responsáveis pelos atendimentos infantis. Ali, percebeu que muitos casos eram deixados de lado por falta de preparo para lidar com crianças com transtornos comportamentais ou neurológicos. Foi nesse momento que decidiu se especializar e acolher também pacientes com necessidades especiais. “Eu via que as crianças com maiores dificuldades acabavam sem atendimento adequado. Quando comecei a trabalhar com elas, os casos mais complexos vieram junto.”Hoje, grande parte dos atendimentos realizados por Lorena são com crianças diagnosticadas com autismo, TDAH, TOD e síndrome de Down. Ela explica que cada atendimento é único, e o planejamento começa muito antes da criança sentar na cadeira. “Eu converso bastante com os pais antes da consulta. Tento entender o que a criança gosta, o que incomoda, se tem sensibilidade à luz, ao som, ou se há algum comportamento específico que precisamos considerar. Com essas informações, eu já consigo estruturar o atendimento de uma forma mais acolhedora.”A dentista ressalta que, muitas vezes, a maior dificuldade não está no medo da criança, mas na postura de alguns responsáveis. “A gente vive um momento em que há uma preocupação grande com não causar traumas, o que é totalmente compreensível, mas alguns pais confundem isso com nunca contrariar a criança. E quando se trata de saúde, nem sempre podemos esperar. Às vezes, a criança já foi anestesiada e entra em crise, não quer mais continuar. Não dá para simplesmente mandá-la embora assim. A gente tenta acalmar e aguardar a criança sair da crise para fazer ao menos uma parte do atendimento, para que ela não saia prejudicada. Tem coisas que precisam ser feitas na hora.”Entre tantos atendimentos marcantes, Lorena lembra com carinho de Jeni, uma paciente que a acompanha desde o início da carreira, ainda na clínica onde trabalhava. “Ela era conhecida por correr pelos corredores e cantar alto quando ficava nervosa. Muitos não queriam atendê-la. Quando abri meu consultório, ela veio comigo. Mas hoje, com o tempo e acolhimento, ela chega, senta, espera a vez dela com tranquilidade. Já sabe que o momento do dentista pode ser calmo.”Lorena conta que aprendeu muito com essa paciente, que só fez aumentar sua paixão pelo atendimento especializado. “Ela me ensinou muito. Durante os atendimentos, ela até faz carinho em mim e me deixa realizar todos os procedimentos. Foi com ela que eu me apaixonei de verdade pelo atendimento a crianças com espectro autista. Cada criança tem seu tempo.”Com o consultório localizado no Shopping Garden, no centro de Ribeirão Pires, Lorena Carneiro representa o impacto positivo de profissionais que compreendem que, no cuidado com crianças especiais, o acolhimento é tão importante quanto o procedimento clínico.