Ribeirão Pires

Mineiro de nascimento, Balotelli descobriu a paixão pelo futebol após se mudar para São Paulo e acompanhar o irmão nos jogos de fim de semana

Homem de confiança do técnico Flavinho, Balotelli foi destaque em duas finais comandadas por ele — a mais recente na Especial de Ribeirão Pires, com o Alvorada vice-campeão

Finalista da Especial de Ribeirão Pires, marcando em seis das nove partidas, ele brilhou em diversos momentos, como na terceira rodada, quando fez os dois gols do Alvorada sobre o Aliados, e na quinta, novamente com dois tentos na goleada por 6 a 3 sobre o Confiança. Em entrevista ao Jornal Folha, Roberson Soares, o Balotelli, contou sua trajetória desde a infância, passou pelas experiências no futebol profissional e falou da consolidação como um verdadeiro fazedor de gols. Também comentou a repercussão do desempenho com a camisa azul e branca e os planos para o futuro. Nascido em Minas e morador de São Paulo desde os 9 anos, ele chegou à cidade grande sem nem gostar de futebol. Mas tudo mudou quando começou a acompanhar o irmão nos jogos de fim de semana. A paixão veio no tempo certo. “Comecei a treinar com o Tiozão aos 14, numa escolinha perto de casa. Tenho uma admiração enorme por ele”, contou. “Foi ali que tive minhas primeiras oportunidades, com a força de amigos como Nei, Alan, Henrique e Oscar”, completou. Depois de muitos testes, conseguiu a chance de jogar no profissional pelo Patrocinense. Em 2018, ajudou na boa campanha da equipe, mas o acesso não veio. No ano seguinte, pediu para sair. “Não estava contente”, disse ele. Voltou pra São Paulo e reencontrou a paixão pela bola na várzea, vestindo a camisa do Vila Popular de Guaianases, seu time do coração. Jogando no Guarapiranga, foi chamado para disputar o Paulista Sub-20 pelo Barcelona do Capela. Mesmo desanimado, aceitou o convite. “No primeiro jogo, marquei um golaço de bicicleta que reacendeu o sonho”, lembrou. Mas antes da última partida da fase, se machucou. “Ali decidi deixar o futebol profissional de lado”, disse. A vida seguiu na várzea. Passou pelo 1 Bom Lugar, disputou a Copa Macaco Louco, foi vice-campeão e vice-artilheiro. A boa fase chamou atenção. Recebeu o convite do treinador Flavinho para jogar a Divisão Especial de Ribeirão Pires pelo Alvorada. Aceitou. “Treinava perto de casa pra chegar bem”, disse. Já esperava brigar pela artilharia. E conseguiu: mesmo com uma lesão na coxa a partir das oitavas, finalizou o campeonato com nove gols. “Segui jogando até o fim, no sacrifício”, completou. Na final, o Alvorada fez bonito. Campanha sólida, time unido e apoio da torcida. A taça não veio, mas ficou o orgulho. “Eu queria muito esse título, pela torcida. Eles mereciam demais”, contou. O gol mais marcante foi o primeiro. Mas o que mais valeu foi ver a felicidade da comunidade. “Ser artilheiro foi importante, mas o maior prêmio foi ver aquele pessoal feliz por viver esse momento.” Depois da campanha, vieram os elogios, convites e o reconhecimento. Hoje, divide a vida entre o trabalho durante a semana, os treinos na academia e os jogos no fim de semana. A preparação mental é simples: “Descanso na véspera e foco total no dia do jogo”, explicou. Em 2024, disputou outra Especial por outro clube. “Joguei pelo Marabá de São Bernardo. Tive alguns convites por lá e também de Mauá, mas o Flavinho e o Fabrício conversaram comigo, explicaram o projeto do Alvorada e aceitei na hora. Já tinha trabalhado com o Flavinho e sabia que ele sempre honrou com a palavra”, contou. Com o tempo, criou identidade com o clube, com os jogadores e com a torcida. “Me senti muito à vontade de jogar lá”, destacou. E fez questão de agradecer: “Quero deixar aqui meu agradecimento de coração à equipe do Alvorada por toda recepção incrível e por tudo o que fizeram por nós. Desde o momento que chegamos, nos sentimos muito bem acolhidos. É bonito ver quando o futebol ultrapassa as quatro linhas e se transforma em respeito, parceria. Vocês mostraram isso em cada momento que estávamos aí.” Para ele, a conexão construída vai além da bola. “Espero que essa união siga firme e que possamos nos encontrar mais vezes, sempre com esse espírito de união. Muito obrigado, Alvorada.” A várzea representa tudo. “Já tive chance de voltar pro profissional, mas sou feliz aqui. A várzea é alegria, é renda, é oportunidade”, afirmou. O próximo objetivo? Chegar forte nas grandes copas da várzea. E o recado pra quem está começando é direto: “Foca no sonho, se apega com Deus e não desiste. A caminhada é dura, mas vale a pena”, finalizou.