Ribeirão Pires

Ewerton, Leo, Morrinho e B.A. nos tempos do projeto "Um Gol pra Vida Toda"

Amigos e ex-alunos destacam a competência, o carinho e a dedicação de Anderson Luiz dentro e fora dos campos

Morreu na última quarta-feira (25), aos 46 anos, Anderson Luiz Gabriel — o B.A. — professor de Educação Física, treinador e ex-atleta amador amplamente conhecido na região. Ele vinha enfrentando complicações decorrentes da diabetes. Ao Jornal Folha , amigos e ex-alunos relembraram a convivência com B.A. e destacaram o legado que ele deixa por meio do esporte e dos ensinamentos transmitidos dentro e fora dos campos. O professor Diogo Morrinho, amigo de longa data, lembrou que a parceria começou ainda na infância, jogando no time da juventude, e se fortaleceu durante a faculdade. Juntos, criaram projetos sociais voltados ao futebol. Um desses projetos foi um grande sucesso na cidade. Chamava-se "Um Gol pra Vida Toda", realizado no Grêmio Vila Suíssa. “Trabalhamos nele com outros parceiros, ali mesmo no campo da Vila Suíssa, sempre contando com o apoio da comunidade local. Mesmo com dificuldades, o B.A. nunca deixou de ajudar. Após perder a visão por conta da diabetes, continuava presente, incentivando os jovens no nosso novo projeto no Grêmio Jardim Valentina. Era um guerreiro, um pai de família exemplar e uma inspiração para todos nós”, destacou Morrinho. Outro que fez questão de prestar homenagem foi o professor Roberto Magu, parceiro de longa data nos projetos sociais. “Sempre vi no B.A. uma pessoa humilde e empenhada, um professor que fazia tudo por amor. No projeto, passávamos os fins de semana cuidando das crianças, tudo de forma voluntária, e ele nunca reclamava — fazia com dedicação”, relembrou. Magu destacou ainda o trabalho de B.A. fora das quatro linhas: “Ele ajudava na parte social, conseguia doações, cestas básicas, fazia muito além do campo. Era um camarada que a gente podia contar a qualquer momento. Depois que perdeu a visão, todo mundo se mobilizou por ele, continuamos ao lado dele, era muito querido.” Entre os muitos jovens impactados pelo trabalho de B.A. está Kauã Dias, ex-aluno do projeto Um Gol pra Vida Toda. “O professor B.A. sempre me apoiou, me aconselhou, acreditava no meu potencial no esporte desde o primeiro dia. Até o término do projeto, ele nunca desistiu de mim”, contou. Morador de um bairro distante, Kauã fazia questão de comparecer aos treinos todos os dias, chovesse ou fizesse sol. “Não só foi importante na questão do esporte, mas também com conselhos de vida, amadurecimento. Receber uma notícia dessas, de forma tão inesperada, não é fácil — e tenho certeza que ele nunca será esquecido. Tanto por mim quanto por todos que o conheceram. Uma excelente pessoa, humilde, de muito caráter, esforçado. Faltam palavras pra descrever como ele foi importante”, declarou, com emoção. Nauan Vila, também ex-aluno do projeto Um Gol pra Vida Toda, lembrou do vínculo especial com o professor B.A.: “Conheci ele por volta dos 13, 14 anos. Ele virou um paizão pra toda a molecada que sonhava com o futebol. Sempre tava com a gente, de forma única, tudo que fazia era de coração.” Aos 24 anos, Nauan diz que a partida de B.A. o fez lembrar de uma frase marcante dita em uma viagem: “Molecada, não deixem de sonhar, o futebol precisa de vocês.” E completa: “Espero que ele esteja num lugar melhor. Ele deixa um legado maravilhoso pra nós.” “Tenho a minha eterna gratidão ao professor B.A.” A frase resume o sentimento de Janderson, que conheceu o professor aos 14 anos, quando começou a treinar no projeto Um Gol pra Vida Toda. Hoje, aos 21, ele relembra a dedicação e o cuidado que B.A. tinha com cada atleta. Sempre presente, sempre dando conselhos — sobre futebol e sobre a vida —, o professor foi essencial no seu crescimento não só como jogador, mas também como pessoa e como homem. “Ele sempre quis o melhor de todos nós.”