Ribeirão Pires

Dona Anésia é griô,  mestra dos saberes populares, das artes manuais e da oralidade ancestral

Celebração em Ribeirão Pires resgata saberes populares com dança, música e fogueira junina

No próximo sábado (28) a tradição se acende em forma de festa, canto e memória no Grande ABC. A Escola Waldorf Pomar, em Ribeirão Pires, realiza a 18ª edição de sua tradicional festa junina, a partir das 15h, com destaque para o espetáculo coletivo que acontece às 18h30 em homenagem a uma mulher que carrega a alma do Brasil e dos trabalhadores da região: Dona Anésia Maria de Jesus, griô, mestra dos saberes populares, das artes manuais e da oralidade ancestral.Dona Anésia, como muitos nordestinos, chegou a Paranapiacaba nos anos 60, vinda de Lagarto, Sergipe, acompanhada do marido Zacarias. Trocou a brisa quente do interior nordestino pela neblina úmida do vilarejo histórico ferroviário de cidade, o queridinho do Brasil. Mãe de Lindinalva, Luiz, Ana, Gileno, Gilvan, Simone e Dario. Avó de Angélica, Bruna, Enya, Lucas, Gustavo, Marchory, Deivid, Lisandra, Júlio, Renan, Diogo, Talita e Murilo e Bisavó de Wesley, Sarathy, Samira, Hugo, Maria, Leonardo e Kenai.Cada nome, uma nota no coral de sua existência, presença viva da ancestralidade afrodescendente nas sete cidades. Griô, para quem não sabe, é um termo de origem africana que designa os guardiões da sabedoria transmitida de geração em geração. E Dona Anésia, com seus 84 anos, é isso: a guardiã de práticas que resistem ao tempo, com as mãos fincadas no barro e o coração voltado à partilha dos saberes, e ela estará presente, de corpo e alma na festa.O ano de 2004 marcou o ponto de virada: a gari que varria as ruas de paralelepípedos cantando foi descoberta pela artista visual e ativista Wal Volk, que a apresentou ao então subprefeito João Ricardo Guimarães Caetano.Assim, essa trabalhadora do GETIS de Santo André passou a atuar como mestra ceramista no Núcleo de Cerâmica de Paranapiacaba; ali, ensinou dezenas de artistas locais a moldar o barro, coordenou a construção do primeiro forno comunitário e comandou queimas e saraus que marcaram a cena cultural do vilarejo mais bonito da região.Hoje, segue transmitindo seu saber, fortalecida por outra mulher guerreira, Cinzia do Amaral, pedagoga idealizadora da Escola Waldorf Pomar; localizada entre morros verdes e ruas tranquilas, num sítio de 90 mil metros quadrados, em área de mata nativa, a escola ocupa um espaço que privilegia o contato com a natureza e o ritmo orgânico da infância, no município de Ribeirão Pires.O espetáculo, recitado, cantado e dançado por 70 crianças e jovens acompanhado ao som de violas, pandeirões e tambores da comunidade escolar, propõe um encontro com aquilo que resiste em nós: saberes manuais, fé, afeto e pertencimento.E, como pede a tradição junina, às 20h será acesa a Fogueira para São João Batista, aquele mesmo, primo de Jesus, que o antecedeu: “ele virá depois, batizando com a água e anunciando a luz.”A fogueira, assim, não é apenas símbolo de festa: é chamada espiritual, princípio da pedagogia criada pelo austríaco Rudolf Steiner.Serviço:Escola Waldorf PomarRua Eugênio Roncon, 80 – Bairro Santana – Ribeirão Pires – SP(11) 4825-6370 Maiores Informações sobre a localização da escola: <a target="_blank" rel="noopener noreferrer nofollow" href="http://www.ewpomar.com.br">www.ewpomar.com.br</a> Horário:Abertura do Sítio aos visitantes: 15 horasTermino: 21 horasEntrada Franca