Brasil

Ribeirão Pires

Os alunos Emily de Freitas Lopes e Fernando Miyashiro Bernal contaram com o apoio da diretora Elenise Rocha Lopes e do professor Evandro Franco

Com projeto voltado à preparação de jovens para o mercado de trabalho, dupla da E.E. Judith Ferreira Piva é destaque entre mais de 2.500 propostas e concorre a prêmio no Vale do Silício

Dois estudantes da E.E. Judith Ferreira Piva, em Ribeirão Pires, tiveram um projeto escolar transformado em oportunidade real de negócio. No 1º Feirão de Empreendedorismo da escola, Emily de Freitas Lopes e Fernando Miyashiro Bernal, ambos de 17 anos, apresentaram o Eco Drive — um aplicativo que funcionaria como GPS para postos de gasolina, exibindo rotas, preços dos combustíveis e avaliações dos estabelecimentos. A proposta chamou a atenção de um representante do Sebrae de Mogi das Cruzes, que encaminhou o projeto à incubadora Pipa Hub. Após iniciarem os cursos de formação empreendedora no local, os estudantes descobriram, por conta própria, a Copa Colegial de Empreendedorismo — competição nacional que premia as melhores ideias com bolsas de estudo e uma viagem ao Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. Motivados pela oportunidade, Emily e Fernando deixaram o Eco Drive de lado e desenvolveram um novo projeto: o Kaizen Academy, um aplicativo voltado à preparação de jovens para o mercado de trabalho. A plataforma oferece certificações, simulações de situações reais, elementos de gamificação e uso de inteligência artificial vertical, utilizando ferramentas de programação no code. O conteúdo do app foi criado a partir de entrevistas com estagiários, profissionais efetivados e diretores de RH, o que garante uma experiência alinhada com as exigências e expectativas do mercado atual. Com o novo projeto, os estudantes chegaram à final da Copa Colegial de Empreendedorismo e estão entre os 10 finalistas nacionais. A grande final acontece ao vivo neste domingo (8), às 18h, no canal URM TV, no YouTube. Em entrevista ao Jornal Folha , Emily conta que eles almejam ficar entre os três primeiros colocados e que um dos maiores desafios durante a competição foi lidar com a pressão de serem os únicos representantes de uma escola pública entre os finalistas — a maioria dos concorrentes vem de instituições particulares. "Foi, querendo ou não, um choque. Eram 2.500 projetos participando da copa este ano e, no total, 150 mil jovens foram impactados. A gente ficou sem acreditar que conseguiu passar", completou Fernando. Evandro Franco, professor de educação financeira e empreendedorismo da E.E. Judith Ferreira Piva, explica que a ação de empreender na região do Grande ABC foi crescendo ao longo dos anos devido à carência de grandes empresas. Ele também relata que o apoio dele, da diretoria e dos demais professores foi fundamental para que os alunos conseguissem entregar os materiais exigidos pela copa. "No ano passado, nós fizemos o Feirão de Empreendedorismo da escola, que é uma disciplina do Estado, e eu vi que muita gente dali [estudantes da E.E. Judith Ferreira Piva] nasceu pra ser empreendedor", afirmou o docente. "A gente vê que foi uma sementinha que eu plantei, e eles estão começando a caminhar sozinhos e buscar novas oportunidades." A diretora da instituição, Elenise Rocha Lopes, expõe que, quando começou a trabalhar na E.E. Judith Ferreira Piva, tinha como objetivo transformar a escola em um ambiente mais agradável e produtivo, tanto para os professores quanto para os estudantes — e afirma ter conseguido alcançar esse sonho. Ela acrescenta que a conquista de Fernando Miyashiro Bernal e Emily de Freitas Lopes é motivo de orgulho para toda a comunidade escolar. "A gente sabe de todas as dificuldades que a escola pública tem e também das barreiras que esses alunos enfrentam para participar desse tipo de atividade. Desde o Feirão de Empreendedorismo, a gente vê o empenho deles, a dedicação de tempo, e eles estão sempre correndo atrás", descreve a gestora. "A nossa escola tem um diferencial, que é valorizar aquilo que o aluno faz e conhecer sua história pessoal, porque eles trazem uma vivência de casa que precisa ser valorizada. Então, a gente tenta, na medida do possível, enxergar esse potencial e oferecer caminhos", finaliza.