Ribeirão Pires

Na UPA Santa Luzia, há relatos de pacientes que foram diagnósticados de forma equivocada

Falta de medicamentos, demora no atendimento e, até mesmo, diagnósticos errados estão entre as princiais queixas dos pacientes

A classificação obtida por Ribeirão Pires no Ranking de Eficiência dos Municípios (REM-F) não destoa da realidade enfrentada pelos usuários do sistema municipal de Saúde. Longas filas de espera, dificuldades para agendamento de consultas e exames, falta de medicamento e, até mesmo, diagnósticos errados fazem parte do cotidiano destes pacientes que cada vez mais se sentem insatisfeitos com serviço oferecido. Uma reportagem publicada pela Folha, em 20 de agosto, revelou que a farmácia da Unidade de Saúde da Família (USF) Santa Luzia não contava com losartana há pelo menos dois meses. Há algumas semanas também houve relatos de falta de cefalexina e Complexo B na USF da Vila Sueli.Ainda em agosto, o Hospital Maternidade São Lucas foi acusado de negligência médica após a morte de um bebê. O motivo seria a insistência no parto normal mesmo após a pouca dilatação apresentada pela gestante, que teria ficado em trabalho de parto por mais de 12h.Segundo informações, a mãe – de 20 anos – estava gestante de aproximadamente 41 semanas. Na reta final da gravidez, ela manteve acompanhamento de dois em dois dias no Hospital e Maternidade São Lucas, e os médicos não teriam notado problemas com o bebê mesmo com a gestação avançada.A unidade hospitalar também registrou episódios de falta de energia elétrica e, em uma das ocasiões, os leitos de internação ficaram às escuras por um período de quatro horas. O problema ainda deixou uma criança com suspeita de apendicite sem exame. Além do fato de não haver energia elétrica no local – sem previsão de normalização, a família do garoto foi informada que, após às 20h, a unidade hospitalar não realiza exames.Já na UPA Santa Luzia, as queixas são referentes ao atendimento médico. No último dia 28, um morador afirmou que, após passar por consulta no pronto-socorro com sintomas de infecção pulmonar, recebeu o diagnóstico de bursite e lhe foi receitado relaxante muscular. No dia seguinte, o rapaz acabou internado no Hospital Nardini, em Mauá, com broncopneumonia.Durante o surto de casos de dengue na região, a unidade de pronto atendimento foi duramente criticada e chegou a ser palco de furto de medicamentos e insumos.Em uma das denúncias enviadas à Folha, o marido de uma paciente narrou a precariedade da estrutura do único pronto-socorro público do município. Na ocasião, um dos banheiros liberados para uso não contavam com água, enquanto os demais – entre eles o sanitário feminino – estavam interditados.Também houve reclamação em relação ao atendimento odontológico oferecido pelo município - ocasião em que uma simples obturação evoluísse para um quadro de canal, com severas crises de dor, por conta da demora no atendimento a uma paciente. Ao todo, foram cinco meses de espera por uma vaga. A Prefeitura de Ribeirão Pires foi procurada para dar explicações sobre todos os casos citados, no entanto só se manifestou a respeito da morte do bebê no Hospital e Maternidade São Lucas. Em nota, o Executivo Municipal se limitou a dizer que abriu procedimento interno para apurar o caso e adoção de medidas cabíveis.