Diadema

As atividades se estenderão até o dia 5 de agosto

Ação do CREPPIR, do Conselho de Igualdade Racial e da SASC marcam o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho

Nesta segunda (28), a Coordenadoria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (CREPPIR), o Conselho da Igualdade Racial de Diadema e a Secretaria de Assistência Social e Cidadania (SASC) deram início a uma série de rodas de conversa para comemorar o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho. Segundo a coordenadora da CREPPIR, o objetivo das conversas é refletir sobre as dificuldades da mulher preta na sociedade. “Com apoio da SASC, estamos ocupando os Centros de Referência (CRAS) para reunir funcionários do serviço e o público em geral e divulgar o dia 25 de julho, explicar suas origens e resgatar a autoestima desta parcela da população,” explicou. No primeiro dia, quem mediou a conversa no CRAS Promissão foi a trancista e visagista Gabe Imani, que também é educadora social, fundadora do Movimento AfroCultural Suka e membro do Conselho. “Por muito tempo, o cabelo e os traços das pessoas negras foram muito marginalizados,” contou ela. “Então, divulgar e valorizar as tranças funciona como um resgate da autoestima, como um lugar de resistência da beleza preta. Em Diadema, o movimento trancista é bem popular porque aqui temos um movimento negro muito forte e esse fortalecimento da comunidade faz com que o trançado desponte como ferramenta de empoderamento.”“No meu cabelo ninguém se mete!”Delmira Martins Bezerra, 65, vizinha ali do CRAS Promissão, ouviu atentamente a exposição de Gabe e fez questão de participar, tirar dúvidas e contar suas experiências. “Eu estava conhecendo uma pessoa online e ele viu uma foto e perguntou se esse cabelo era meu. Não entendi,” comentou ela, que usa o cabelo crespo bem solto. “Mas ele disse que era porque era muito bonito, então tá ótimo.”O episódio revela na prática como o corpo de pessoas pretas muitas vezes é visto como público, de forma que as pessoas se sentem no direito de fazer essas perguntas, passar a mão, perguntar como se lava. Para Gabe Imani, isso pode levar a um lugar de dor e apagar o que seria um lugar de acolhimento, cultura e ancestralidade. Dona Delmira, no entanto, é taxativa: “Eu me sinto linda com meu cabelo assim, bem cacheado, e se eu quiser trançar eu vou, faço e ninguém tem nada a ver com isso. No meu cabelo ninguém se mete!” Ela adorou o bate-papo e acha que poderia ter mais conversas assim. “O que é bom temos de repetir, duas, três vezes, por que não?”As atividades acontecem em diversos CRAS do município e se estenderão até o dia 5 de agosto.