Ribeirão Pires

Andaray tem 79 anos e segue viajando com shows pelo Brasil

Músico responsável por criar a roda de viola da Praça Central já dividiu palco com grandes nomes da música caipira

Numa roda viola ou nos palcos espalhados pelos quatro cantos do país. Esse é o habitat natural de José Borges da Silva - o Andaray, como é conhecido no meio da música sertaneja e que, mesmo muito perto de completar 80 anos, segue fazendo o que mais ama, cantar.Foram os acordes de Andaray durante um breve ensaio em um banco na praça, em 2009, que deram início a um dos mais tradicionais encontros da música caipira em Ribeirão Pires. A roda de viola da Praça Central reúne amigos, amantes de um bom e velho modão, além de curiosos e mantém viva a essência do sertanejo raiz. E lá sempre está o cantor sertanejo entoando grandes clássicos.Tanto é verdade que, quem circula pela região durante os finais de semana já deve ter se deparado com músicas como “Franguinho na Panela”, “Saudade de Minha Terra” entre tantos outros sucessos que deixam a Estância ainda mais com um clima de cidade de interior.E foi por lá, mais especificamente na cidade de Catanduva, que as andanças de Andaray na música começaram. As influências surgiram ainda na infância, no ambiente familiar. Neto de instrumentista, Andaray lembra que era segurado no colo por seu avô para ouvir música no rádio. Mas o que lhe fez ingressar de vez neste mundo foi uma apresentação na escola, em Novo Horizonte, aos 7 anos.“Foi numa festinha de despedida, e a professora pediu para alguém cantar alguma coisa. Ela me falou: ‘menino, você tem talento’”, conta. E a partir disto, com o incentivo de seu pai, Fortunato Borges da Silva, Andaray deu seus primeiros passos na música, com aulas de acordeão e violão.No ano de 1961, a trajetória do músico precisou ser interrompida. Andaray guardou luto de um ano pela morte do pai - período em que deixou o violão pendurado em um cômodo de sua casa. Curiosamente, dias depois de completar um ano, o instrumento caiu ao chão e se despedaçou por completo.“Pensei, será que pai não quer que eu continue?”, relembra. “Então guardei (o luto) mais uns dias.”Ao retornar, o músico - que fazia dupla com Castellar - vivenciou momentos inesquecíveis emplacando sucessos, como “Adeus Vida de Peão” e “Princesa”, e partilhando o palco com grandes nomes, como Milionário &amp; José Rico, Zico &amp; Zeca, Liu &amp; Léo.“A gente era fã, então eu nunca imaginei isso tudo. Quando foi no futuro, eles estavam no meu camarim, dizendo que eram meus fãs”, conta. “Quem sou eu para uma pessoa dessa dizer que é minha fã?”.Entre as memórias compartilhadas por Andaray estão os momentos compartilhados com Zé Rico nos bastidores dos shows. “Zé Rico tocava no meu camarim, são as coisas que a gente acaba guardando. Eu tive muito prazer musicalmente.”Ribeirão Pires foi um dos endereços de shows de Andaray, antes mesmo dele se tornar morador da cidade. Ele foi contratado para inauguração de um ginásio do município e, ainda, fez um segundo show no antigo Cinema Copacabana (onde atualmente fica a loja Pernambucanas).Anos depois, a procura de melhor qualidade de vida devido a questões de saúde, Andaray e sua esposa Janete Villares Borges escolheram o Parque Aliança – onde vivem até hoje.Andaray segue na estrada com shows pelo Brasil e nas rodas de viola na praça com os amigos - coisas que para ele são os maiores prazeres da vida.