Rio Grande da Serra

Com um título conquistado em 1990, a equipe também busca o bicampeonato

Com um início modesto e em uma chave considerada difícil, equipe construiu a melhor campanha da Divisão Especial e sonha com um título inédito

A trajetória do Vila Conde até a final da Divisão Especial de Rio Grande da Serra em 2025 é daquelas que inspiram. O time começou a competição sem grandes expectativas, com empates nas duas primeiras rodadas e o objetivo inicial de apenas evitar o rebaixamento. Mas o que parecia ser um ano de transição se transformou em uma campanha sólida, com a melhor campanha geral, o ataque mais positivo e dois dos principais artilheiros da competição.“Nosso grupo entendeu que o campeonato é difícil e começou a dar o máximo. O time foi ganhando maturidade de competidor e isso fez a diferença”, contou Agnaldo de Almeida, presidente da equipe.Durante a fase de grupos, o Vila Conde enfrentou adversários difíceis e jogos equilibrados, com a tabela oscilando a cada rodada. A pressão por se manter no topo foi real, especialmente entre a primeira e a sétima rodada, mas o elenco respondeu à altura. “Não tem mais time bobo na várzea”, destacou Almeida, ao reforçar que cada ponto foi conquistado com muito esforço coletivo.O brilho individual também se fez presente. Tauan Santos lidera a artilharia com seis gols e é descrito como o exemplo do jogador de várzea: comprometido, competitivo e apaixonado. “Teve jogo que ele me chamou e falou ‘não me tira não, vou brigar pela artilharia’, e fez três gols naquele dia”, relembrou.Outro destaque do setor ofensivo é Emerson Martins, o Bibinha. Veloz, habilidoso e tão dedicado que, mesmo suspenso, fez questão de acompanhar o time de fora do campo.Mas o mérito vai além dos artilheiros. O elenco conta com nomes importantes como os goleiros Lelê e Boka; os laterais Cicinho e Lucas; a dupla de zaga com o capitão Luan e Vidoto; os volantes Romarinho e Marco Antônio; os meias Alex e Peuzinho; além de reservas prontos para manter o nível, como Bruninho. “Todos os jogadores são bons e dedicados”, resumiu.Recém-campeão da Divisão Especial de Ribeirão Pires com o Unidos Vila Suely, Bruninho chegou ao Vila Conde após convite do zagueiro Luan, amigo e ex-companheiro em Mauá. “Ele falou que o elenco tava forte, citou alguns nomes e eu topei. Já trouxe dois amigos também”, contou. Por compromissos assumidos anteriormente — incluindo uma disputa simultânea em Ribeirão —, atuou em apenas um jogo da primeira fase. Voltou nas quartas de final e, logo de cara, marcou o gol do empate que garantiu a classificação.“A semifinal foi muito difícil, mas aproveitamos bem as chances e estamos num momento muito bom”, avaliou. A final, marcada para o dia 13, cairá justamente no dia do aniversário do atacante. “Tinha planejado uma viagem com a família, mas abri mão pra estar com a rapaziada. Quero muito coroar esse dia com o título.”A força do grupo passa também pela continuidade e repetição. Segundo a comissão técnica, manter a base e repetir a escalação foram fatores essenciais para criar entrosamento e confiança. Em dois jogos da competição, a torcida organizada Fúria da Conde foi impedida de comparecer às arquibancadas por conta de uma punição imposta após um incidente em rodada anterior. O vazio nas arquibancadas foi sentido por todos, especialmente pelos atletas. “São homens comprometidos, que sentiram a presença da torcida. Quando ela voltou, parecia que eles começaram a jogar por ela", contou o presidente. “Teve um lance, depois de um gol, em que o Tauan correu direto pra arquibancada e beijou o brasão", acrescentou.Nos bastidores da campanha também estão nomes que não entram em campo, mas foram fundamentais na montagem do elenco. “O Fábio (Madda) e o Luan, que também é nosso capitão, foram os que montaram esse grupo. Eu só dei o respaldo”, contou Agnaldo, mencionando que o time se organiza por meio de um grupo de WhatsApp. “É onde a gente se mantém conectado emocional e fisicamente. Um cuida do outro.”Entre os principais aprendizados da temporada, o Vila Conde destaca valores como responsabilidade, comportamento, união e foco no objetivo. “A gente entendeu que nada é fácil. Todo jogo é uma batalha. Mas quando existe união, as coisas acontecem.”A torcida também tem papel central nessa trajetória. A Fúria da Conde, surgida ainda na porta da escola, representa o bairro que pulsa junto com o time. “O Vila Conde é mais do que futebol, é sentimento. É o bairro, é onde todos moram, é a cidade que carregamos no coração.”Na véspera da grande decisão, o recado é de gratidão: “Obrigado a todos que mantêm o Vila Conde em evidência. Sabemos que não é fácil, mas tudo isso vale a pena. Nós amamos a várzea e vamos lutar até o fim por esse título.”