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Mobilização ocorre diante de impasses na campanha salarial 2025/26

Rodoviários devem votar contraproposta patronal; sindicato vê alta rejeição entre os trabalhadores

O Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC (Sintetra) realiza, nesta quarta-feira (4), uma assembleia decisiva que pode oficializar a greve dos ônibus nas sete cidades da região. A mobilização ocorre em meio à campanha salarial 2025/26, marcada por impasses e baixa adesão às propostas patronais.Segundo apuração do Jornal Folha, as empresas de transporte encaminharam uma contraproposta na manhã de hoje. O presidente do Sintetra, Leandro Mendes, confirmou o recebimento e a análise do documento, mas adiantou que as chances de aceitação são remotas. Ele afirma que a proposta não contempla os principais pontos defendidos pela categoria e deve ser rejeitada.A negociação deste ano foi considerada uma das mais difíceis pela diretoria do sindicato. "Só tivemos uma rodada de negociação com o setor patronal. As demais, eles mandaram sem conversar", afirmou Mendes. Na primeira assembleia, realizada na semana passada, os trabalhadores já haviam recusado o reajuste de 5,32% — correspondente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado entre maio de 2024 e abril de 2025.O índice rejeitado implicaria, por exemplo, em um aumento de R$ 225,39 no salário base dos motoristas de ônibus convencional, atualmente fixado em R$ 4.236,68. O vale-alimentação, por sua vez, subiria de R$ 856,10 para R$ 901,64, o que também gerou insatisfação generalizada entre os rodoviários. Além disso, a proposta da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) traria apenas a mesma correção do INPC, com pagamento dividido em duas parcelas.“O grande problema está no vale-alimentação. Os preços dos alimentos subiram muito, e esse percentual não cobre a inflação real que a gente vê no supermercado. Está muito defasado e prejudica nossa negociação”, criticou o presidente do Sintetra.A pauta da categoria vai além da reposição inflacionária. Os trabalhadores reivindicam reajuste de 5,32% mais ganho real de 8%; vale-alimentação com valor superior ao oferecido; unificação dos salários entre motoristas de ônibus convencionais (inclusive articulados e trólebus) e os chamados “mídis” (micrões); além de equiparação da PLR entre os que atuam com ou sem cobrador.“Entendemos que as empresas também enfrentam dificuldades. Mas os trabalhadores não podem pagar a conta. Não estamos pedindo nada além do que é justo”, afirmou Mendes.Apesar de ser o interlocutor da categoria, o dirigente sindical já adiantou que não irá defender a nova proposta patronal. “Vamos fazer a assembleia, mas eu não defendo essa proposta”, afirmou. Caso a paralisação seja aprovada, a deflagração da greve deverá respeitar o prazo legal de comunicação prévia. Conforme determina a Lei nº 7.783/1989 — conhecida como Lei de Greve —, é obrigatório comunicar a decisão com antecedência mínima de 72 horas ao empregador e à população, especialmente por se tratar de um serviço essencial.