Diadema

Mauá

Ribeirão Pires

Rio Grande da Serra

Santo André

São Bernardo do Campo

São Caetano do Sul

No dia 17 de maio foi celebrado o Dia Internacional de Combate a LGTBfobia

Região já soma 26 denúncias em 2025; vítimas relatam traumas e cobram políticas públicas eficazes 

Até o início de maio deste ano, os municípios do Grande ABC registraram 26 denúncias de violência contra pessoas LGBTQIA+ — o equivalente a 25,5% das 102 ocorrências notificadas em 2024. Diadema é o único município com dados atualizados até abril, contabilizando cinco casos. Os demais registros de 2025 distribuem-se por São Caetano do Sul (6), São Bernardo do Campo (11), Santo André (1) e Mauá (3). Até o momento, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não apresentaram ocorrências.A data 17 de maio foi escolhida para o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, instituído em 1990, quando a Organização Mundial da Saúde retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais. Apesar desse marco histórico, a população LGBTQIA+ ainda enfrenta rotineiramente preconceito, exclusão e violência, tanto em espaços públicos quanto privados.Em 2024, Santo André liderou o ranking de denúncias na região, com 40 registros — quase 40% do total. Na sequência aparecem Diadema (23), São Bernardo do Campo (22), Mauá (14), Rio Grande da Serra (2) e São Caetano do Sul (um). Ribeirão Pires foi o único município sem nenhuma queixa formalizada durante todo o ano.O relato de um jovem morador de Rio Grande da Serra ilustra a persistência da violência. Ele foi vítima de homofobia dentro da família do ex-namorado e recorda um episódio traumático ocorrido em 2019, antes da criminalização da homofobia: “Quase fui empurrado escada abaixo pela minha ex-sogra; por sorte, ele (ex-namorado) segurou a mão dela a tempo”, contou ao Jornal Folha. Segundo o rapaz, a mãe do então companheiro o culpava pela orientação sexual do filho: “Ela dizia que eu era responsável por ele ser gay”.O ataque ocorreu em um shopping. “Depois da briga, ele foi embora com a mãe e me deixou sozinho. Uma funcionária do shopping me ajudou a voltar para casa”, relatou. Ofensas como “Meu filho não vai ser como você”, “Você não tem vergonha?” e “Imagine ser mãe de alguém como você” marcaram o período em que conviveu com a família. “Durante muito tempo carreguei essas frases comigo, mas hoje meus pais têm orgulho de mim. Ser gay não muda quem eu sou; trato as pessoas com o carinho que gostaria de receber”, desabafou.Ele chegou a cogitar processar a ex-sogra, mas, à época, não havia respaldo jurídico. A homofobia e a transfobia só passaram a ser enquadradas como crimes em 13 de junho de 2019, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu aplicar a Lei do Racismo (Lei nº 7.716/1989) a essas condutas, suprindo a omissão legislativa e garantindo proteção às pessoas LGBTQIA+.Para Wagner Lima, presidente do Grupo de Apoio à Diversidade (GAD), o preconceito já está estruturado na sociedade. Para combatê-lo, é necessário construir políticas públicas que sejam sólidas e eficazes. “É responsabilidade das prefeituras colocar essas legislações em prática, promovendo conscientização, formação e aplicando a lei. Um município que respeita a diversidade e promove o bem-estar de todos não se omite. Só teremos uma sociedade mais inclusiva quando os governantes deixarem de se omitir. As leis existem; o que falta é fazê-las valer”, afirmou.