Estado

Ribeirão Pires

Diretores da Fast Shop acertam multa de R$ 100 milhões com o MP

Auditor preso teria oferecido “oportunidades fiscais” e blindagem contra fiscalizações desde 2021

O auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, de Ribeirão Pires, é apontado como o principal articulador de um esquema de corrupção que permitiu à Fast Shop a restituição de quase R$ 1,6 bilhão em ICMS-ST entre 2021 e 2025. Artur, preso desde as investigações da Operação Ícaro, deflagrada em 12 de agosto pelo Ministério Público de São Paulo, teria exigido e recebido mais de R$ 400 milhões da rede de eletrodomésticos e eletrônicos em troca de favorecer a liberação dos créditos fiscais.De acordo com depoimentos dos executivos da empresa, o próprio auditor procurou os sócios no final de 2020 ou início de 2021, oferecendo “oportunidades fiscais” e a promessa de blindar a Fast Shop de fiscalizações e outros transtornos. Com o tempo, Artur passou a intermediar contatos com empresas parceiras interessadas na compra dos créditos de ICMS, ampliando o alcance do esquema.Executivos firmam acordos com o MPOs principais envolvidos da Fast Shop, incluindo Mário Otávio Gomes, Milton Kazuyuki Kakumoto e Júlio Atsushi Kakumoto, firmaram acordos de não persecução penal (ANPP) com o Ministério Público, assumindo a culpa e se comprometendo a pagar multas que somam R$ 100 milhões em 15 parcelas. Além disso, os acordos preveem a implementação de um programa de compliance e práticas anticorrupção em toda a rede.Os valores individuais das multas são:Mário Otávio Gomes: R$ 15 milhões;Milton Kazuyuki Kakumoto: R$ 55 milhões;Júlio Atsushi Kakumoto: R$ 30 milhões.Segundo Mário, responsável pelos assuntos fiscais da empresa, ele sempre providenciou a documentação solicitada por Artur, que por vezes consultava os dados diretamente nos sistemas da Secretaria da Fazenda por meio do certificado digital da Fast Shop.Outros envolvidos e desdobramentosO diretor da Fast Shop também mencionou o contador Agnaldo de Campos e o lobista Celso Éder Gonzaga de Araújo, suspeitos de atuar no esquema de lavagem de dinheiro e recuperação de impostos na esfera federal. A empresa fechou contratos que previam comissões de 30% sobre os ressarcimentos obtidos por eles.O Ministério Público avalia compartilhar os resultados da Operação Ícaro com a Receita Federal para apurar se o esquema se estendeu a impostos federais. Até o momento, Artur e Celso já foram formalmente denunciados pela Justiça, e o auditor foi exonerado do cargo a pedido em agosto.