São Bernardo do Campo

Promotoria indicam que o servidor utilizou a mãe como sócia formal da instituição

Instituição, registrada como Dac Bank em 2023, declarou capital de R$ 3,5 bilhões sem aval do Banco Central e recebeu milhões de empresa ligada à família do auditor

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) investiga a criação de um banco de fachada ligado ao auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, apontado como operador de um esquema bilionário de créditos de ICMS. Documentos obtidos pela Promotoria indicam que o servidor utilizou a mãe, a professora aposentada Kimio Mizukami da Silva, como sócia formal da instituição, registrada em 2023 na Junta Comercial de São Paulo, em Barueri.A instituição recebeu o nome de Dac Bank e foi aberta com capital social declarado de R$ 3,5 bilhões, apesar de não possuir registro no Banco Central. O MP-SP afirma que parte desse capital estava lastreado em títulos do extinto Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), que deixaram de existir em 2009. Para os promotores, trata-se de um indício de fraude na origem do patrimônio.Outro ponto que reforça as suspeitas é o perfil da sócia principal: Kimio é aposentada e não possui experiência no setor financeiro. Para a investigação, a participação dela reforça a tese de que o banco teria sido registrado apenas para dar aparência de legalidade a movimentações suspeitas.Também chama atenção a alteração repentina da razão social: após a deflagração da Operação Ícaro, que prendeu empresários e apura a fraude fiscal, o Dac Bank passou a se chamar Visão Suporte Administrativo.Entre julho de 2023 e agosto de 2024, o suposto banco teria recebido R$ 54 milhões da empresa Smart Tax, atualmente em nome de Kimio. Foi o crescimento acelerado do patrimônio da aposentada – que saltou de R$ 411 mil em 2021 para R$ 2 bilhões em 2023 – que despertou a atenção dos investigadores.O MP-SP considera que o Dac Bank funcionava como plataforma para dissimular transações ilegais ligadas ao esquema de corrupção fiscal que beneficiava grandes varejistas. Além de manipular processos na Secretaria da Fazenda, Silva Neto orientaria executivos de empresas sobre como obter créditos tributários e autorizaria a comercialização desses valores.Na manhã desta quarta-feira (20), o auditor e sua mãe seriam ouvidos pelo Ministério Público, mas solicitaram o adiamento da oitiva. Ainda não há data definida para os depoimentos.A investigação segue em andamento e novas prisões não estão descartadas.