Ribeirão Pires

Consórcio ABC quer reunir elementos e estudar se há viabilidade de acionar a concessionária judicialmente

Concessionária foi oficiada a prestar esclarecimentos sobre impacto do “apagão”

O Consórcio Intermunicipal Grande ABC, órgão que representa as prefeituras da região, cobrou oficialmente explicações da Enel, concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica nas sete cidades, sobre o apagão registrado após as fortes chuvas e ventos da última sexta-feira (11). Segundo informações da imprensa, ainda havia imóveis afetados pela falha do serviço cinco dias após o episódio climático.Na tarde de quarta-feira (16), um ofício foi redigido pela entidade regional solicitando que a Enel informe, no prazo não superior a cinco dias corridos, o número de clientes afetados pelo desabastecimento de energia elétrica após o temporal e qual foi o efetivo empenhado para minimizar o apagão na região. Também foram solicitadas explicações sobre qual o plano para futuros episódios semelhantes, visto que há previsão para novas ocorrências de extremos climáticos nos próximos dias.O objetivo do Consórcio ABC é reunir elementos e estudar se há viabilidade de acionar a concessionária judicialmente para que cumpra com suas obrigações dentro de um prazo que não gere grandes prejuízos à população, já que em novembro do ano passado a Enel informou que tinha plano para possíveis emergências, mas o Grande ABC voltou a sofrer com um “apagão” menos de um ano depois do ocorrido.“Representamos um grupo de municípios e sabemos que a força de uma ação regional tem mais peso. Pelo que estamos acompanhando pelo noticiário, ainda há moradores afetados. Ficou claro que houve falhas na prestação do serviço. Por isso, estamos levantando dados para estudar quais as medidas que nós podemos tomar para evitar futuros danos parecidos com os desta semana”, explicou o secretário-executivo do Consórcio ABC, Aroaldo da Silva.Enel dá novo “show de despreparo” e deixa bairros e serviços essenciais na mãoNão é de hoje que a Enel tem deixado a desejar em praticamente todo o estado de São Paulo. Em novembro do ano passado, a empresa já havia demonstrado despreparo para lidar com um apagão, semelhante ao ocorrido na última sexta-feira (11), e precisou de seis dias para restabelecer a energia elétrica em diversos pontos afetados. Desta vez, a concessionária voltou a mostrar sinais de falta de organização e de plano estratégico para atuar em situações emergenciais, deixando 2,1 milhões de pessoas no escuro.Ribeirão Pires não ficou de fora da lista de municípios afetados pela forte chuva de 11 de outubro. Além dos diferentes bairros que ficaram por horas sem acesso à energia elétrica, serviços essenciais também foram afetados - casos do Hospital São Lucas - Unidade Santa Luzia e da UPA Santa Luzia, que ficaram 48 horas sem fornecimento de rede elétrica. Durante o período, a unidade hospitalar fez uso de gerador para garantir suporte médico aos 24 pacientes internados em clínica médica e três pacientes em leitos de UTI.Segundo informações, foram nove pedidos formalmente protocolados junto à Enel, mas somente às 19h do domingo (13) o fornecimento de energia foi restabelecido nas unidades de saúde.Outro serviço diretamente afetado foi o plantão da Delegacia de Ribeirão Pires. O prédio, situado na Avenida Valdírio Prisco, ficou sem energia durante 24 horas. No sábado (12), quando o serviço foi restabelecido, o atendimento não pôde ser retomado já que não havia sistema para registro de boletins de ocorrência. Os casos foram encaminhados ao 1º Distrito Policial de Mauá, e o atendimento normalizado na manhã de segunda-feira (14).No Jardim Caçula, moradores se reuniram em um ato de protesto na Rodovia Índio Tibiriçá, cobrando medidas para o restabelecimento da rede elétrica no bairro, que já durava 72 horas. Também houve manifestação na Rodovia Caminho do Mar, em São Bernardo do Campo, onde cerca de 100 moradores do bairro Capelinha interditaram as duas faixas. A Polícia Militar foi acionada e utilizou bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar os manifestantes.Um morador da Vila Rosal contou à Folha que precisou recorrer a casa de um familiar para tentar salvar carnes que estavam congeladas em sua residência. “Eu estou indignado com a Enel. Eu estou na casa da minha prima, pedindo socorro para não perder minhas coisas (carnes). Você não tem condições de tomar um banho, você fica sem comunicação. Quando você fica um dia sem pagar sua conta de luz, aí já vem a cobrança. Eu não acho correto isso”, disse Nivaldo.Até a publicação desta edição, a Enel não havia se pronunciado quanto aos números oficiais do apagão em Ribeirão Pires. Em reposta aos questionamentos feitos pela redação da Folha, a Prefeitura de Ribeirão Pires afirmou que também aguarda posicionamento da concessionária e não descartou a possibilidade de ainda haver casos pontuais de falta de energia no município. Os casos mais críticos, que estavam pendentes até segunda-feira, foram solucionados.