São Caetano do Sul

Brendo dos Santos Sampaio, de 26 anos, conduzia um Honda Civic preto em alta velocidade quando atingiu as vítimas, que atravessavam pela faixa de pedestres

Decisão foi tomada após o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) acatar a denúncia; crime é caracterizado por quando há intenção ou aceitação do risco de matar

Brendo dos Santos Sampaio, de 26 anos, que atropelou e matou as jovens Isabela Priel Regis e Isabelli Helena de Lima, ambas de 18 anos, na noite de 9 de abril, na Avenida Goiás, em São Caetano do Sul, tornou-se réu por duplo homicídio doloso após o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) acatar a denúncia. O crime é caracterizado por quando há intenção ou aceitação do risco de matar. Segundo a Polícia Civil, Brendo dirigia um Honda Civic preto em alta velocidade e teria participado de um racha com um Chevrolet Onix branco quando atingiu as vítimas, que atravessavam na faixa de pedestres. Uma testemunha relatou que, ao abrir o semáforo no início da avenida, viu os dois carros arrancando bruscamente. Câmeras de segurança flagraram a ação e reforçam a suspeita de corrida ilegal. De acordo com a perícia, os corpos das jovens foram arremessados a mais de 47 metros. O boletim de ocorrência também aponta que a velocidade do carro era incompatível até mesmo com a permitida em rodovias. Laudos preliminares da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) indicam que o automóvel de Brendo apresentava possíveis modificações. Em contrapartida, no mês passado, a defesa do réu negou a participação dele no racha e afirmou que as vítimas atravessavam com o sinal fechado para pedestres.Rafael Felipe Dias, advogado das famílias das vítimas, declarou que Brendo acumulava 71 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), além de quatro infrações graves de trânsito. O TJ-SP informou que o processo está na fase de instrução. Nessa etapa, as decisões dependem da atuação das partes e dos documentos anexados aos autos. O juiz determinou a citação do réu para que apresente sua defesa por escrito, no prazo de 10 dias, por meio de um advogado. Caso não haja manifestação, a Defensoria Pública será acionada para nomear um defensor dativo. Dia do atropelamento Imagens de câmeras de segurança analisadas pela Polícia Civil mostram que Isabela e Isabelli estavam na faixa de pedestres no momento do atropelamento, mas atravessaram com o sinal vermelho para pedestres. Segundo outra gravação, no instante do impacto, o semáforo para veículos estava no amarelo. As investigações apuram a suspeita de que Brendo dos Santos Sampaio, motorista do Honda Civic, participava de um racha. Estudante de direito, ele declarou à polícia que voltava da faculdade e trafegava entre 60 km/h e 70 km/h, alegando não ter visto as jovens atravessando a via. No entanto, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), as imagens obtidas pela investigação indicam que o carro estava em alta velocidade no momento do atropelamento. Brendo realizou o teste do bafômetro, que deu negativo para consumo de álcool, e permaneceu no local após o acidente. Isabela e Isabelli não resistiram aos ferimentos e morreram na hora. As duas vítimas eram amigas próximas e comemoravam, naquela noite, a conquista de um novo emprego por uma delas. Isabela cursava técnico em enfermagem. Para a família de Isabelli, a dor da perda é ainda maior diante da história que ambas construíram juntas: cresceram lado a lado, estudaram juntas e perderam a vida no mesmo instante.