Ribeirão Pires

Depois de uma década, ex-alunos da ALGE retornam ao Brasil com reconhecimento profissional no exterior

Após mais de uma década, Weslei Moura e Mariana Rocha formados pela ALGE retornam ao local onde tudo começou, agora como profissionais reconhecidos no exterior

O reencontro com o passado foi marcado pela emoção. Após conquistarem reconhecimento profissional na Alemanha, os enfermeiros Weslei Moura, de 29 anos, e Mariana Rocha, de 30, retornaram ao Brasil com um propósito especial: visitar a escola onde tudo começou, a ALGE – Escola Técnica de Ribeirão Pires. Foi ali, há mais de 10 anos, que seus caminhos se cruzaram em um curso técnico de enfermagem promovido pelo programa VENCE, do governo estadual, que oferece bolsas de estudo para jovens de baixa renda.A história do casal parece roteiro de filme, mas é real. Eles se conheceram em 2013, ainda como colegas de classe. Na época, eram apenas amigos, mas a amizade evoluiu. Quando Weslei recebeu uma oportunidade para trabalhar em um hospital na Alemanha, veio o ponto de virada. No período de despedida, os sentimentos afloraram, o relacionamento começou e, logo depois, ele indicou Mariana para o mesmo processo seletivo. Ela também foi aprovada.Entre provas, validações e burocracias, seguiram juntos cada etapa. O desafio da língua, as diferenças culturais e até o luto — Mariana perdeu uma irmã nesse processo — não impediram que alcançassem o objetivo. Hoje, ambos são enfermeiros com diplomas reconhecidos na Alemanha, onde vivem e atuam na área da saúde: ele na psiquiatria e ela na oncologia. “Começamos como bolsistas, e hoje temos a nossa profissão reconhecida fora do país. Foi um esforço grande, mas valeu a pena”, conta Weslei.Voltar ao Brasil e visitar a ALGE foi mais que nostalgia. Foi um gesto de gratidão por tudo o que viveram e conquistaram. “Eu falava para o Weslei: preciso voltar lá, dar um abraço em todo mundo. Desde 2013 eu tenho esse carinho e nunca esqueci de onde saímos”, disse Mariana, emocionada. Ela relembra os dias difíceis do início do curso, quando trabalhava como auxiliar de produção. “O uniforme era azul, cheio de graxa. Hoje, o uniforme do hospital na Alemanha também é azul, e eu sempre lembro de onde eu vim.”A caminhada até a Alemanha exigiu renúncias. Dormiam pouco, acordavam de madrugada para pegar o ônibus, lidavam com pressão alta e cansaço extremo. Mariana lembra que passava mal durante as aulas. “Eu só dormia 3 ou 4 horas por noite. Mas é esse esforço que lá na frente dá resultado.”O casamento aconteceu pouco antes da viagem. A decisão de oficializar a união ajudou na adaptação. Originalmente, trabalhariam em hospitais diferentes, com distância de até 8 horas entre um e outro. Mas, após o casamento, o processo de expatriação foi ajustado, e eles conseguiram vagas para trabalharem juntos na cidade de Hamburgo. “Foi a melhor decisão. Ir como casal foi uma bênção. Damos apoio um ao outro. Não é fácil começar do zero em outro país, mas juntos tudo ficou mais leve”, disse Weslei.Apesar das dificuldades iniciais com o idioma, alimentação e clima, eles persistiram. “Teve dia que eu só queria voltar, pegar o avião e desistir”, relata Mariana, que sempre foi muito apegada à família e nunca havia cogitado sair do país.A experiência no exterior trouxe um novo olhar. “A formação dos enfermeiros brasileiros é muito respeitada lá. Eles veem a gente como profissionais completos. Lá, muitas funções são feitas por médicos, mas aqui no Brasil aprendemos desde cedo. Isso chama atenção”, explicou Weslei.Durante a visita ao Brasil, o casal reforça o desejo de inspirar outros jovens que, como eles, estão no início da jornada. “Que a nossa história sirva de exemplo. Não foi fácil, começamos de baixo e passamos por cada etapa. E o que eu tenho para falar da ALGE é apenas gratidão. Deus colocou pessoas certas na nossa vida, e uma delas foi a escola ALGE”, disse Weslei.Para Mariana, revisitar a escola onde tudo começou foi mais do que um gesto simbólico — foi reconhecer que as grandes mudanças começam com pequenas oportunidades.“Foi a partir do ‘sim’ que recebemos da ALGE que conseguimos conquistar o nosso ‘sim’ no mundo.”