Estado

O objeto atravessou a janela e atingiu uma mulher que estava sentada

Polícia Civil investiga se crimes estão ligados a desafios na internet ou retaliação contra empresas de transporte

Foi preso no último domingo (6) o homem acusado de lançar uma pedra contra um ônibus e ferir uma passageira na Avenida Washington Luís, na zona sul de São Paulo. O caso, revelado pelo Estadão, ocorreu na noite de sexta-feira (4) e é um dos episódios mais graves registrados na recente onda de vandalismo contra o transporte público da capital.O ônibus atingido, da linha 607C/10, operado pela concessionária MobiBrasil, circulava por volta das 21h45 quando foi alvo da pedrada. O objeto atravessou a janela e atingiu uma mulher que estava sentada, causando ferimentos em seu rosto. Ela precisou ser hospitalizada, mas o estado de saúde não foi divulgado.Após o ataque, o motorista do coletivo chegou a descer do veículo na tentativa de identificar o autor, que fugiu do local. Dois dias depois, a polícia conseguiu localizar e prender o suspeito, cuja identidade ainda não foi oficialmente divulgada.O caso integra um cenário crescente de vandalismo e depredação no transporte coletivo da Grande São Paulo. Segundo a SPTrans, mais de 260 ocorrências já foram registradas apenas na capital. A situação também se estende à região metropolitana e à Baixada Santista.Um levantamento da Polícia Civil aponta que cerca de 180 boletins de ocorrência foram formalizados até o momento. Desse total, aproximadamente 60% referem-se a casos registrados na zona sul, com destaque para avenidas como Cupecê, Washington Luís e Vereador João de Luca.Além da prisão realizada neste domingo, outros suspeitos também foram detidos nos últimos dias. Na sexta-feira (4), um adolescente foi apreendido em Cotia por participação em um ataque semelhante. No sábado (5), dois homens foram flagrados depredando ônibus nos bairros de Pirituba e Santo Amaro, nas zonas oeste e sul da cidade, respectivamente.A Polícia Civil trabalha com três linhas principais de investigação: a influência de desafios promovidos por redes sociais; uma possível retaliação de grupos ligados às empresas Transwolff e Upbus, cujos contratos foram rompidos pela Prefeitura de São Paulo; e a eventual ação coordenada por facções criminosas. Nenhuma das hipóteses foi confirmada até o momento.Para reforçar a segurança, a Polícia Militar iniciou uma operação de patrulhamento intensivo em terminais, corredores de ônibus e garagens, principalmente na zona sul, onde há maior concentração de casos. Paralelamente, a Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil monitora redes sociais para identificar possíveis instigadores dos atos e apurar a participação de adolescentes.A SPTrans orienta que as empresas de transporte comuniquem imediatamente quaisquer atos de depredação à Central de Operações e à polícia. Ônibus danificados devem ser substituídos por veículos da reserva técnica, garantindo a continuidade da linha. Caso a substituição não ocorra, a concessionária é penalizada por viagem não realizada.