Santo André

A recente decisão STF provocou tensão política na Câmara Municipal de Santo André

Sessão pós-recesso é marcada por troca de provocações entre oposição e aliados do ex-presidente

A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), provocou tensão política na Câmara Municipal de Santo André. O tema dominou a primeira sessão ordinária após o recesso de julho, com trocas de farpas entre vereadores da oposição e da base bolsonarista.Durante a fase de explicações pessoais, o vereador Ricardo Alvarez (Psol) foi direto ao celebrar a medida imposta ao ex-presidente. Ele citou as mortes pela pandemia como justificativa moral para a prisão. “Hoje é um dia feliz para mim. Ver o Bolsonaro preso é motivo de felicidade. São 700 mil mortos por Covid-19. Ele tem que estar preso por isso”, afirmou.As provocações começaram ainda no início da sessão, quando o petista Clóvis Girardi usou de ironia ao comentar, de forma indireta, a condição jurídica de Bolsonaro. “Muito bom sair de casa e vir à Câmara. Muito bom não estar preso em casa, como algumas figuras políticas estão”, alfinetou, antes de apresentar suas propostas legislativas.A reação dos parlamentares do PL foi imediata. O vereador Lucas Zacarias defendeu o ex-presidente e criticou a atuação do Judiciário. Segundo ele, há uma inversão de poderes no país. “Hoje quem manda no Brasil é o Judiciário. É triste ver meu presidente Bolsonaro proibido de falar com a própria família”, protestou.Com tom indignado, William Lago (PL) também questionou a legalidade da decisão do STF e levantou dúvidas sobre o estado da democracia brasileira. “A censura voltou. Pessoas sem foro privilegiado estão sendo julgadas diretamente pelo Supremo. Isso não é democracia. Eu sou advogado há 15 anos e ainda tento entender o que está acontecendo”, declarou.As manifestações refletem o acirramento do clima político em Santo André, que espelha o cenário nacional, onde decisões do STF relacionadas a figuras públicas continuam sendo alvo de apoio e críticas intensas entre parlamentares e a sociedade civil.