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A paralisação busca pressionar o governador Tarcísio de Freitas 

Governo alega que paralisação fere serviço essencial e obtém liminar para manter 70% dos docentes em sala

Insatisfeitos com as condições de trabalho e a falta de avanços nas negociações, os professores da rede estadual de São Paulo decidiram entrar em greve a partir desta sexta-feira (25). A paralisação, organizada pela Apeoesp, principal sindicato da categoria, busca pressionar o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a atender reivindicações que envolvem valorização salarial, contratação de efetivos e melhorias na infraestrutura das escolas.A mobilização foi aprovada em assembleia realizada em 21 de março, mas desde então, segundo o sindicato, não houve progresso nas tratativas com o secretário da Educação, Renato Feder. A categoria cobra, entre outros pontos, o cumprimento do Piso Salarial Nacional dos Professores, atualmente pago por meio de abonos que não são incorporados ao salário base — o que afeta benefícios como férias e aposentadoria.Em resposta, a Secretaria da Educação afirma que mantém diálogo contínuo com os representantes dos professores e que parte das demandas já vem sendo atendida. A pasta também informou que obteve uma liminar do Tribunal de Justiça determinando que, mesmo durante a greve, ao menos 70% dos docentes permaneçam em sala de aula. O descumprimento da decisão pode resultar em multa diária de R$ 20 mil.O governo estadual diz que a paralisação compromete um serviço essencial, o que é vedado por lei. Além disso, alerta para os impactos da greve na vida dos estudantes em situação de vulnerabilidade, que dependem da merenda escolar, e dos pais que trabalham em setores essenciais e podem não ter com quem deixar os filhos durante o expediente.Nesta sexta, além da suspensão das aulas, está prevista uma assembleia da categoria em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. O objetivo é debater os próximos rumos da greve, que pode ser intensificada nas próximas semanas. Uma audiência de conciliação entre representantes do governo e da Apeoesp está marcada para o dia 5 de maio.Outro ponto central da pauta dos professores é a contratação de docentes efetivos por meio de concurso público. A Apeoesp denuncia que o governo tem recorrido majoritariamente a contratos temporários, o que, segundo o Ministério Público, prejudica o funcionamento das escolas e o direito à aprendizagem dos estudantes. O MP entrou com duas ações civis públicas exigindo que o Executivo estadual reforce o quadro de servidores efetivos.O secretário Renato Feder reconheceu a alta proporção de temporários na rede, mas afirmou que ainda não há data definida para a realização de um novo concurso. Segundo ele, o último processo seletivo previa a contratação de 15 mil professores, mas apenas cerca de 12 mil vagas foram preenchidas até a terceira chamada.A infraestrutura das escolas também está no centro das críticas da categoria, especialmente a falta de climatização nas salas de aula. Dados do Censo Escolar de 2023 revelaram que apenas 2,7% das salas da rede estadual paulista eram climatizadas — o menor índice do país. A Secretaria da Educação afirma que, atualmente, 880 escolas contam com climatização, o que representa cerca de 17% da rede.