Diadema

A manifestação buscou não apenas denunciar essas contradições, mas também pressionar o setor privado

Grupo denuncia carestia, insegurança alimentar e exige mudanças no sistema de trabalho 

Um protesto realizado na manhã deste sábado (10) chamou a atenção no supermercado Assaí, em Diadema. Organizado pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), o ato integra a campanha nacional “Mães Contra a Fome” e acontece simultaneamente em diversos estados brasileiros. Entre as pautas estão a denúncia da fome, o combate à alta dos preços e a crítica ao modelo de escala 6x1 no trabalho. Durante a manifestação, os participantes expressaram de forma coletiva a insatisfação com o aumento constante no custo de vida e a dificuldade crescente de garantir o básico para sobreviver. Relataram que, ao irem ao supermercado, precisam escolher entre itens essenciais, já que os preços elevados tornam impossível levar tudo o que a família necessita. Também denunciaram o desperdício de alimentos por grandes redes varejistas, destacando a contradição entre toneladas de comida descartadas e a fome que atinge milhões de brasileiros diariamente. Para o grupo, é inadmissível que, em meio a tanta escassez, alimentos ainda sejam jogados fora enquanto tantas famílias passam necessidade. As lideranças do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas destacaram que a fome no Brasil não é um problema isolado, mas consequência direta de um sistema econômico desigual. Cristina Damásio, que coordena o MLB, ressaltou que a concentração de renda nas mãos de poucos favorece a manutenção da pobreza e da insegurança alimentar. Segundo ela, enfrentar a fome exige enfrentar também as bases da desigualdade social, já que o acesso à alimentação, em um país marcado por contrastes extremos, ainda é tratado como privilégio e não como um direito básico. Segundo dados destacados pelo movimento, o Brasil desperdiça cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos por ano. Em contraste, aproximadamente 11 milhões de mães solo enfrentam diariamente o desafio de garantir comida para seus filhos. O MLB alerta que o problema da fome no país não é falta de recursos, mas de prioridades. A manifestação buscou não apenas denunciar essas contradições, mas também pressionar o setor privado e o poder público a agir de forma concreta. O grupo pede distribuição de alimentos que seriam descartados, políticas de combate à carestia e o reconhecimento da alimentação como um direito essencial e inegociável.